Preces são práticas supersticiosas?

Este vídeo é bastante interessante. Trata-se de quatro exemplos interessantes para te testar a eficiência da fé. Vale a pena conferir todos. O primeiro pode parecer bobo, mas prossiga pois os outros exemplos são melhores.

Curtam o vídeo

:o)



As bases do ateísmo

Talvez possa ser dito que o ateísmo esteja apoiado sobre 4 pilares. Eles até agora se mostraram sólidos e inabaláveis: 1- a falta de evidências dos teísmos. 2 - falta de coerência dos teísmos. 3 - as evidências contrárias a vários teismos e 4 - O fato de não precisarmos da hipótese "deus" para explicar as causas dos fenômenos. A força destes pilares estão no seu conjunto. Isolados, claro que tais argumentos não evidenciam muita coisa. Mas juntos, indicam que o ateísmo é a melhor postura que se possa ter sobre deus ou deuses

Expliquemos com mais detalhes:


1- A FALTA DE EVIDÊNCIAS dos teísmos. Com falta de evidência, quero me referir a provas que possam ser verificadas por qualquer um e confirmada mesmo que a pessoa duvide.

Suponha que o religioso te diga algo assim: “existem unicórnios”. Daí você diz: prove. Então vocês vão na floresta e não acham nenhum. Daí o religioso te dirá: “enquanto nós andávamos pela floresta o unicórnio fugia da gente”. Então vocês espalham sensôres e câmeras fotográficas por toda a floresta. Entretanto nada é detectado. Mas o religioso te dirá: “o unicórnio é mágico ou invisível”. Ou então ele te dirá: “mesmo que não haja unicórnios na Terra, e quanto a Marte, Vênus ou Júpiter? “Ou seja mesmo que vocês olhassem todo Universo e não achassem nenhum unicórnio, o religioso te diria: “isso porque os unicórnios são seres espirituais”.

Claramente você perceberia que não existem evidências que suportem as alegações religiosas mas mais do que isto: que o teísta (ou teólogo) irão tentar deixar suas alegações em tal nível que seja impossível testá-las para que elas não possam ser negadas. Ou sejam querem deixar em tal nível que não se possa provar que as alegações deles são falsas mesmo que o preço para pagar seja que o teísmo se transforme em algo sem regras claras de lógica ou racionalidade.

Ainda poderia ser dito (sobre a falta de evidências): uma coisa pode existir sem que nós saibamos, até o momento, de sua existência. Entretanto, somando a ela, e aumentando seu peso, tem a:

2 - FALTA DE COERÊNCIA dos teísmos. Por exemplo, argumentos incoerentes no teismo do tipo: "Se Deus não existisse, então não haveria ninguém para criar o universo. Mas o universo claramente existe, e todas as coisas têm uma causa, logo Deus também existe." Mas, se tudo precisa de um criador, logo deus também precisa. E se nem tudo precisa de um Criador, o Universo poderia muito bem ter sugido SEM um Criador.

O Universo poderia ser eterno, por exemplo. Outra maneira de o Universo ser acausal seria se sua energia total fosse nula: a soma da energia potencial gravitacional - que é negativa, com a energia vinda das massas - lembre-se que E=mc², pode ser nula. Veja os objetos que caem sem ter nenhuma causa inteligente por trás (a força da gravidade não tem consciência ou vontade própria – para decidir se age ou não por exemplo), da mesma forma o Universo poderia também não ter causa inteligente. Existem ainda outras.

Você também não alega deus para explicar uma formação de conchas, pedras e areia pela praia: você diz que o movimento das marés, que não é dotado de inteligência ou tem planos para aquilo, que deixou-os (pedras, conchas, etc) organizados daquela forma. Ou ainda a formação dos vales ou ainda o desenho das montanhas: você supõe que vento, chuva causam erosão e deformam o terreno.

Perceba ainda a quantidade colossal de matéria bruta (no Sistema Solar) e vida praticamente apenas na Terra (tentemos ser otimistas, afinal talvez haja vida unicelular nas calotas polares de Marte ou na Lua Europa de Júpiter). Uma quantidade absurda de matéria bruta organizada de forma irregular pelos planetas e vida em praticamente apenas um. Isto não é nada mágico. Sugere mais que a vida é casual, acidental. Não parece que a explicação sobre a origem da vida merece que se suponha o divino.

Outra coisa é que o teísmo não explica a origem das coisas, ao contrário, complica ainda mais as explicações. Por exemplo, se algum deus fez, então: QUAL? (Deus, Alá, Shiva, etc?) O QUE É O UNIVERSO? (o Universo é parte de algum deus ou o criador fez o Universo do nada) COMO FOI FEITO? QUANDO FOI FEITO? POR QUE FOI FEITO? (cada religião dá a sua resposta, mas nenhuma prova que a sua é a correta ou que as demais são falsas). EXISTE VIDA EM OUTRAS PARTES DO UNIVERSO? E QUANTO À VIDA ET, ONDE ESTÁ? Etc. Ou ainda: DO QUE É FEITO DEUS? ENERGIA? DE QUE TIPO? De onde vemos que dizer “este deus quem fez” não explica e sim complica. Neste ponto entra o conceito da Navalha (vide mais abaixo no pilar 4).

As contradições, erros dos livros dito sagrados (Bíblia, Livro dos Espíritos, Alcorão, etc) ou ainda o fato de eles fazem profecias sem datas, sem eventos e sem citar locais de forma clara ou direta (ou seja, não são nada proféticos) poderia ser considerado falta de coerência também? Eu vejo que sim. Mas deixo mais para o próximo ponto.

Estando certos, 1 e 2, acabam por deixar os teísmos mais para o terreno na Fé e não da Razão. Mas você deve ainda considerar 3:

3 - As EVIDÊNCIAS CONTRÁRIAS ao deus revelado, inspirado, intervencionista, etc. A menos que se suponha um deus malicioso, por isto inspiraria errado seus messias. (Basta comparar o Alcorão, a Bíblia, o Livro dos Espíritos, o Sutra do Lótus, o Torah, etc., etc., com a realidade). A Bíblia por exemplo tem no mínimo 388 contradições. O fato de que nada adicionarem ao conhecimento humano (discutirei isto depois) também pesa contra estes livros porque sugerem que foram escritos meramente baseados no conhecimento primitivo da época e não inspirados por um deus honesto. Argumentos contra deus ou deuses que intervenham quando chamados podem ser vistos no vídeo postado no blog, clicando aqui.

Ao que um deísta (não confundir com teísta) poderia alegar que não acredita nos deuses revelados. Entretanto:

e somado ao 1,2 e 3 temos o quarto e último

4 - O fato de NÃO PRECISARMOS DA HIPÓTESE "deus" para explicar as causas dos fenômenos. Princípio conhecido como "A Navalha de Occam". Normalmente tem sempre uma fila de argumentos científicos ou ainda não-teístas e racionais, que deveríamos refutar antes de sair aceitando algum teismo.

A idéia daqui é economizar hipóteses não-testáveis ao máximo. Não ter NENHUMA é o ideal. Quanto mais hipóteses não-testáveis você adiciona para sustentar uma idéia, teoria, deixa ela mais provável de estar errada. Você simplesmente não pode escolher sem critério racional as hipóteses não-testáveis e declará-las como certas e todas as outras infinitas possíveis desconsiderar. Entretanto, isto é basicamente o que um teísta, que defenda um teísmo em particular, faz.

Perceba que os 4 pilares, isolados, não dão muita sustentação. Um teísta, teólogo, poderia lançar dúvidas individuais sobre cada, é claro. Mas os 4 operarem tão bem juntos é que deixa o ateísmo como a melhor postura sobre deus ou deuses.





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Ateísmo e agnosticismo em vários países

Um artigo que discute sobre os percentuais de ateus e agnósticos em vários países.

Uma parte bem interessante da pesquisa é que mostra que " os países com maiores taxas de homicídios são todos extremamente religiosos". Não é interessante isto? Não é interessante que os que se digam donos da moral e da ética, as quais a sua religião supostamente possa trazer, são justamente os mais homicidas? Ou isto é até esperado?

Causas sociais do Ateísmo

Foram feitos vários estudos, pela parte de diferentes autores, tendo como por objectivo determinar a percentagem de ateus nos diferentes países do mundo. Phil Zuckerman compilou os dados de muitos desses estudos para produzir um trabalho denominado «Atheism: Contemporary Rates and Patterns» («Ateísmo: Taxas e Padrões Contemporâneos»)
Depois de uma extensa exposição de todos os estudos de opinião em que se baseou (cerca de uma centena), Zuckerman elabora uma lista de países por ordem da percentagem de ateus que existem. Zuckerman também deixa claras todas as ressalvas relativas aos vários erros que podem ocorrer nos diferentes estudos de opinião. Na Arábia Saudita a percentagem de ateus está provavelmente sub-estimada, e na China estará sobrestimada, por exemplo. De qualquer forma, Zuckerman tira conclusões do vasto conjunto de dados que apresenta acerca da explicação que pode existir para as elevadas taxas de descrença. Vou traduzir parte dessas conclusões:

«O que é que causa a gritante diferença entre as nações em termos da taxa de descrença? Porque é que quase todas as nações de África, América do Sul e Sudeste Asiático contêm quase nenhum ateísmo, mas em muitas nações europeias os ateístas existem em abundância? Há numerosas explicações (Zuckerman, 2004; Paul, 2002; Stark and Finke, 2000; Bruce, 1999) Uma teoria liderante vem de Norris and Inglehart (2004), que defendem que em sociedades caracterizadas por uma plena distribuição de comida, excelente serviço público de saúde, e habitação globalmente acessível, a religiosidade esvai-se. [...]
Através de uma análise das estatísticas globais actuais de religiosidade em relação à distribuição do rendimento, equidade económica, gastos com a segurança social, e medimentos básicos da segurança ao longo da vida (vulnerabilidade quanto à fome, destares naturais, etc...) Inglehart e Norris (2004) defendem convincentemente que apesar de numerosos factores possivelmente relevantes para explicar a distribuição mundial da religiosidade, «os níveis de segurança da sociedade e do indivíduo parecem constituir o factor com mais poder explicativo» (p. 109). Claro que, como em qualquer teoria social abrangente, existem excepções. Os incontornáveis casos do Vietname (81% de descrentes) e da Irlanda (4-5% de descrentes) não correspondem ao que se esperaria através da análise de Inglehart e Norris.»

O autor acaba então por fazer uma distinção entre ateísmo orgânico: aquele que surge naturalmente nas sociedades sem qualquer encorajamento por parte do regime político, e o «ateísmo coercivo» que surgiu pela imposição política. Encontra então uma enorme correlação entre o ordenamento por ateísmo orgânico e o ordenamento por desenvolvimento humano. Mostra também que os países com maiores taxas de homicídios são todos extremamente religiosos.
Fica por explicar a excepção que a Irlanda constitui. Mas para mim, essa excepção é muito natural. A Irlanda é um país rico há pouco tempo, e a sociedade ainda não se adaptou a essa riqueza. Dentro de uns anos, parece-me, até a própria Irlanda confirmará esta tese.

Fonte: http://www.ateismo.net/


20 NAÇÕES COM OS MAIS ELEVADOS ÍNDICES DE ATEÍSMO

País
População
Ateístas + Agnósticos – Máx.
1
Suécia
8,986,000
85%
2
Vietnam
82,690,000
81%
3
Dinamarca
5,413,000
80%
4
Noruega
4,575,000
72%
5
Japão
127,333,000
65%
6
República Tcheca
10,246,100
61%
7
Finlândia
5,215,000
60%
8
França
60,424,000
54%
9
Coréia do Sul
48,598,000
52%
10
Estônia
1,342,000
49%
11
Alemanha
82,425,000
49%
12
Rússia
143,782,000
48%
13
Hungria
10,032,000
46%
14
Holanda
16,318,000
44%
15
Grã-Bretanha
60,271,000
44%
16
Bélgica
10,348,000
43%
17
Bulgária
7,518,000
40%
18
Eslovênia
2,011,000
38%
19
Israel
6,199,000
37%
20
Canadá
32,508,000
30%
Fonte: Atheism: Contemporary Rates and Patterns

Humor 3

O primeiro vídeo não é bem de humor, hehe. Mas só postei o original a fim de comparação ;o) Foi um dos cultos da igreja Assembléia de Deus. Me corrijam se eu estiver enganado.

Chamo a atenção para as partes em que ela, que tem 7 anos, diz:

1:06 "Falou com o pastor! Que ia dar o seu dízimo". Aqui parece ser o momento em que ela pede o dízimo. E para que os fiéis não se esqueçam de pagar todo mês:
1:02 "que ia dar sua oferta todo mês!"
0:59 "mas qual platéia sua fidelidade de crente, meu irmão" Ela deve ter pensado em dizer algo como "cadê sua fidelidade meu irmão?" Ou seja, soou algo como "você prometeu dar o dízimo para nós e cadê o dinheiro?"

Interessante esta interpretação que eles deram para a estória da Rouge (ou Ruth?) e o dízimo.

em 0:41 aparentemente ela se esquece o que iria dizer. Fica uns 7 segundos pensando. Ou será ouvindo? O que é aquilo saindo do ouvindo dela? Um fio? Será que ela tem um ponto no ouvido? Teria alguém dizendo para ela o que dizer? Repare nisto em 0:41.

0:26 "A última coisa que eu quero lhe dizer para finalizar isso aqui" ... "isso aqui"? Não seria "culto"? :o)


A música de fundo também é interessante ;o)






Humor

Agora começa o humor. Escolham outro culto favorito de vocês :o)

Versão funk







Menino Pastorinho

Vejam esta versão:




Versão remix

Nesta versão, em 1:35 ela é mais enfática quanto às ofertas ;o)






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Macacos!

Resquícios primatas em nós?


Partes bem interessantes: em 0:50 (ela abre um cadeado), 1:35 (segura um sabonete), 2:12 (penteia o cabelo), 2:52 (quebra um ovo), 3:48 (ninguém é de ferro! ela faz tintim), em 4:10 (segura hashis) ...etc.





De onde vem a vontade de trepar assim? :o)








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A Religião Ideal

Resolvi fazer esta postagem depois de uma conversa que tive sobre a origem do pensamento religioso, religião ideal, e etc. com uma pessoa recentemente. Aqui vai só parte da conversa.


"O desejo de buscar Deus é intrinseco no homem"

Parece q as pessoas nascem atéias e depois, dependendo do país onde morem, ouvirão histórias sobre Deus ou Alá ou Shiva ou qualquer outro deus. Pais, parentes e amigos também têm peso importante na escolha. Então pela força da tradição, dos pais, sociedade ou algo assim, tenderão a acreditar no deus pregado localmente e rejeitarão deuses "estrangeiros".

Isto não é fixo entretanto. É dinâmico, por exemplo, o deus brasileiro é Tupã ou variantes. O deus cristão chamado de "Deus" foi um importado do Oriente Médio. Então a sociedade pode mudar.

Então, atualmente, uma pessoa que nasça no Brasil, tenderá a ser católico. Claro que você pode não ser, mas a tradição católica aqui é bem forte: veja os feriados nacionais por exemplo. Boa parte de refere a algum mito católico. Em outros países serão outros mitos.

E a origem deste desejo intrínseco?

Observe-se como um torcedor de futebol (eu por exemplo já me peguei várias vezes agindo da forma que descreverei). Durante o jogo, assistido pela televisão, você se envolve. Você grita e torce para a bola entrar no gol. Gritar "vai vai" ou "não não" durante a transmissão de um jogo de futebol não faz a menor diferença! Mas ainda assim você grita como se pudesse alterar a trajetória da bola.

Este tipo de comportamento lhe parece o que? Como se chama o ato no qual você pratica mas que não tem correlação entre ele e as coisas que você acha que tem ou ainda, mesmo funcionando quase nunca ou nunca, você insiste em praticá-lo?

Outra situação: jogadores gritando para os dados na mesa de um cassino. Ou pessoas falando "vai vai..mais para a esquerda" para uma bola de boliche qdo ela já rola pela pista. Ou quando o carteador já lhe deu uma carta de baralha, virada de costas, e você antes de virá-la e ver qual recebeu, você mentaliza alguma carta que deseje como se isto fizesse a carta virar a que você precisa.

Fazer preces para que chova, dança da chuva, por exemplo: eventualmente dá certo, vai chover algum dia. Mas será que porque vc fez preces ou uma dança e algo aconteceu depois este algo teve a ver? Cheque isto várias vezes. Faça preces
hoje para que chova hoje. Amanhã faça o mesmo. Se falhar a maioria das vezes é indício fortíssimo de que nada teve a ver: quando você fez preces e choveu então, foi por mera coincidência.

É só contar quantas vezes deram certo e quantas deram errado. Nem precisa ser um exame estatístico rigoroso, muitas vezes. Simples contagem te diria quais atos não funcionam. E seria normal e até esperado que você continuasse com tais atos. Equanto você não analisasse mais de perto. Ceticamente, digamos.

As pessoas menos crédulas em tais atos, tenderão a se livrar deles à medida que percebem que não funcionam. Outras pessoas vão insistir um pouco mais. Podem até tentar justificar a "eficiência" do ato. Elas podem ainda dizer que "mas influenciam um pouco!". Elas garantirão.

Outras mais criativas, para justificar uma suposta eficiência de tais atos, alegarão algum poder espiritual, sobrenatural, algum anjo ou deus lhe ajudando. "Se você mentalizar, sendo tua fé grande o bastante, você pode mudar os números do dado, a trajetória da bola de futebol, ou mudar a carta de um baralho". E, à partir do momento que você alega um mundo espiritual, seres para empurrar a bola de boliche, mudar a carta do baralho, etc, pronto: você criou uma religião.

Mas porque as pessoas confiaram em tais atos primeiramente?

Talvez na ânsia de vencer, de torcer por si mesmo (em geral as pessoas não começam um projeto torcendo contra ele). Um grito aqui, um pensamento positivo ali, parecem não atrapalhar não é mesmo? Que tal mantras? Se der certo poderemos dizer que foi por causa deles. Se os atos não funcionarem, poderemos sempre dizer que não os fizemos direito e num segundo estágio, vamos dizer que não eram para acontecer pois não faziam parte dos planos do(s) ser(es) superior(es).

Então o que começa com um simples desejo de que dê certo, a esperança do sucesso, estes atos ineficientes que os jogadores, os torcedores ou outros não cansam de fazer, ganham corpo, histórias, e ganham status de religião.

Num certo ponto, mudamos um pouco de assunto. Em certa altura nos falamos:

"o que seria uma religião que funciona?"

Penso que ainda não inventaram. Uma religião que funciona seria algo como se suas escrituras não fossem ilógicas ou contraditórias. E do lado mais prático, experimental, também funcionasse (preces, meditações, etc). Por exemplo, as preces para o deus ou deuses que tal religião prega, fossem atendidas num nível bem maior do que o mero efeito placebo que as religiões modernas ou primitivas conseguem ou conseguiam até hoje.

Noutras palavras, uma religião que não se mostrasse tão inútil quanto um placabo do ponto de vista empírico.

O que seria um ato supersticioso?

O que é superstição?

Vejamos a definição segundo o dicionário Aurélio:

1. Sentimento religioso baseado no temor ou na ignorância, e que induz ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas e à confiança em coisas ineficazes; crendice.
2. Crença em presságios tirados de fatos puramente fortuitos.
3. Apego exagerado e/ou infundado a qualquer coisa: A moça tem a superstição do número treze.

A religião seria então a alegação da existência de seres que governariam a suposta eficiência da fé? dos mantras? das mentalizações? dos pensamentos positivos? A Religião então seria as histórias que contamos para fazer com que nossos atos supersticiosos se parecessem ... menos supersticiosos?

Bem... seja como for, não se desespere. No final você ainda pode dizer que:
"as preces não funcionaram porque não eram planos de Deus"
ou ainda
"as preces não funcionaram porque minha fé foi pequena"
mesmo que pareçam falhar todos tipos de preces (orações, rezas, macumbas...)
a maioria das vezes (se tiver um cético examinando, aí falham sempre?) para qualquer profetia, messias, avatar, etc, ou ainda para qualquer deus.





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A Relatividade do Errado

Você já pensou que se duas teorias, A e B, estando ambas erradas, logo elas são a mesma coisa? Estão num mesmo status? Outro caso ainda se A é errada e B é incompleta, logo, ambas tem o mesmo status, e seria apenas uma questão de gosto preferir uma ou preterir outra? Noutras palavras que tudo que não é perfeitamente e completamente certo é totalmente e igualmente errado?

A pergunta poderia ainda ser feita desta maneira: A Ciência não prevê com exatidão o que acontecerá daqui 1 ano. Logo, tanto ela quanto a Religião estão no mesmo status de precisão. Daí ficaria uma questão de gosto preferir uma a outra. Ou ainda: se a Ciência tem teorias incompletas, que não explicam tudo, logo suas previsões não são melhores do que as profecias das religiões.

Se você se já fez perguntas equivalentes (ou argumenta desta maneira) é bem provável que você gostará do texto abaixo escrito por Asimov.

Mas será mesmo que Filosofia, Ciência e Religião são formas concorrentes de ver o mundo? Será que são complementares? Ou será que são independentes? Ou ainda imiscíveis? Futuramente falemos sobre isto.


A Relatividade do Errado
Autor: Isaac Asimov
Tradução: Daniel Sottomaior
Original: The Relativity of Wrong



Outro dia eu recebi uma carta. Estava escrita à mão em uma letra ruim, tornando a leitura muito difícil. Não obstante, eu tentei devido à possibilidade de que fosse alguma coisa importante. Na primeira frase, o escritor me disse que estava se formando em literatura Inglesa, mas que sentia que precisava me ensinar ciência. (Eu suspirei levemente, pois conhecia muito poucos bacharéis em literatura inglesa equipados para me ensinar ciência, mas sou perfeitamente ciente do meu estado de vasta ignorância e estou preparado para aprender tanto quanto possa de qualquer um, então continuei lendo.)

Parece que em um de meus inúmeros ensaios, eu expressei certa felicidade em viver em um século em que finalmente entendemos o básico sobre o universo.

Eu não entrei em detalhes, mas o que eu queria dizer era que agora nós sabemos as regras básicas que governam o universo, assim como as inter-relações gravitacionais de seus grandes componentes, como mostrado na teoria da relatividade elaborada entre 1905 e 1916. Também conhecemos as regras básicas que governam as partículas subatômicas e suas inter-relações, pois elas foram descritas muito ordenadamente pela teoria quântica elaborada entre 1900 e 1930. E mais, nós descobrimos que as galáxias e os aglomerados de galáxias são as unidades básicas do universo físico, como descoberto entre 1920 e 1930.

Veja, essas são todas descobertas do século vinte.

O jovem especialista em literatura inglesa, depois de me citar, continuou me dando uma severa bronca a respeito do fato de que em todos os séculos as pessoas pensaram que finalmente haviam compreendido o universo, e em todos os séculos se provou que elas estavam erradas. Segue que a única coisa que nós podemos dizer sobre nosso “conhecimento” moderno é que está errado. O jovem citou então com aprovação o que Sócrates disse ao saber que o oráculo de Delfos o tinha proclamado o homem o mais sábio da Grécia: “se eu sou o homem o mais sábio”, disse Sócrates, “é porque só eu sei que nada sei”. A conseqüência era que eu era muito tolo porque tinha a impressão de saber bastante.

Minha resposta a ele foi esta: “John, quando as pessoas pensavam que a Terra era plana, elas estavam erradas. Quando pensaram que a Terra era esférica, elas estavam erradas. Mas se você acha que pensar que a Terra é esférica é tão errado quanto pensar que a Terra é plana, então sua visão é mais errada do que as duas juntas”.

O problema básico é que as pessoas pensam que “certo” e “errado” são absolutos; que tudo que não é perfeitamente e completamente certo é totalmente e igualmente errado.

Entretanto, eu penso que não é assim. Parece-me que certo e errado são conceitos nebulosos, e eu devotarei este ensaio a explicar por que eu penso assim.

... Quando meu amigo, o perito em literatura inglesa, me disse que em todos os séculos os cientistas pensaram ter entendido o universo e estavam sempre errados, o que eu quero saber é quão errados estavam eles? Todos estão errados no mesmo grau? Vamos dar um exemplo.

Nos primeiros dias da civilização, a sensação geral era que a Terra era plana. Não porque as pessoas eram estúpidas, ou porque queriam acreditar em coisas estúpidas. Achavam que era plana por evidências sólidas. Não era só uma questão de “parece que é”, porque a Terra não parece plana. Ela é caoticamente irregular, com montes, vales, ravinas, penhascos, e assim por diante.

Naturalmente há planícies onde, em áreas limitadas, a superfície da Terra parece relativamente plana. Uma dessas planícies está na área do Tigre/Eufrates, onde a primeira civilização histórica (com escrita) se desenvolveu, a dos Sumérios.

Talvez tenha sido a aparência da planície que convenceu os Sumérios inteligentes a aceitar a generalização de que a Terra era plana; que se você nivelasse de algum modo todas as elevações e depressões, sobraria uma superfície plana. Talvez tenha contribuído com essa noção o fato que as superfícies d’água (reservatórios e lagos) parecem bem planas em dias calmos.

Uma outra maneira de olhar é perguntar qual é a “curvatura” da superfície da terra ao longo de uma distância considerável, quanto a superfície se desvia (em média) do plano perfeito. A teoria da Terra plana diria que a superfície não se desvia em nada de uma forma chata, ou seja, que a curvatura é 0 (zero) por milha.

É claro que hoje em dia aprendemos que a teoria da Terra plana está errada; que está tudo errado, enormemente errado, certamente. Mas não está. A curvatura da terra é quase 0 (zero) por milha, de modo que embora a teoria da Terra plana esteja errada, está quase certa. É por isso que a teoria durou tanto tempo.

Havia razões, com certeza, para julgar insatisfatória a teoria da Terra plana e, por volta de 350 A.C., o filósofo grego Aristóteles as resumiu. Primeiro, algumas estrelas desapareciam para o hemisfério do sul quando se viajava para o norte, e desapareciam para o hemisfério norte quando se viajava para o sul. Segundo, a sombra da Terra na Lua durante um eclipse lunar era sempre o arco de um círculo. Em terceiro lugar, aqui na própria Terra, é sempre o casco dos navios que desaparece primeiro no horizonte, em quaisquer direções que viajem.

Todas as três observações não poderiam ser razoavelmente explicadas se a superfície da Terra fosse plana, mas poderiam ser explicadas supondo que a Terra fosse uma esfera.

E mais, Aristóteles acreditava que toda matéria sólida tendia a se mover para o centro comum, e se a matéria sólida fizesse isso, acabaria como uma esfera. Qualquer volume dado de matéria está, em média, mais perto de um centro comum se for uma esfera do que se for qualquer outra forma.

Cerca de um século após Aristóteles, o filósofo grego Eratóstenes notou que o Sol lançava sombras de comprimentos diferentes em latitudes diferentes (todas as sombras teriam o mesmo comprimento se a superfície da Terra fosse plana). Pela diferença no comprimento da sombra, calculou o tamanho da esfera terrestre, que teria 25.000 milhas (cerca de 40.000 km) de circunferência.

Tal esfera se encurva aproximadamente 0,000126 milhas por milha, uma quantidade muito perto de 0, como você pode ver, e que não seria facilmente mensurável pelas técnicas à disposição dos antigos. A minúscula diferença entre 0 e 0,000126 responde pelo fato de que passou tanto tempo para passar da Terra plana à Terra esférica.

Note que mesmo uma diferença minúscula, como aquela entre 0 e 0,000126, pode ser extremamente importante. Essa diferença vai se acumulando. A Terra não pode ser mapeada em grandes extensões com nenhuma exatidão se a diferença não for levada em conta e se a Terra não for considerada uma esfera e não uma superfície plana. Viagens longas pelo mar não podem ser empreendidas com alguma maneira razoável de encontrar sua própria posição no oceano a menos que a Terra seja considerada esférica e não plana.

Além disso, a Terra plana pressupõe a possibilidade de uma terra infinita, ou da existência de um “fim” da superfície. A Terra esférica, entretanto, postula que a Terra seja tanto sem fim como no entanto finita, e é este postulado que é consistente com todas as últimas descobertas.

Assim, embora a teoria da Terra plana esteja somente ligeiramente errada e seja um crédito a seus inventores, uma vez que se considere o quadro todo, é errada o suficiente para ser rejeitada em favor da teoria da Terra esférica.

Mas a Terra é uma esfera?

Não, ela não é uma esfera; não no sentido matemático estrito. Uma esfera tem determinadas propriedades matemáticas – por exemplo, todos os diâmetros (isto é, todas as linhas retas que passam de um ponto em sua superfície, através do centro, a um outro ponto em sua superfície) têm o mesmo comprimento.

Entretanto, isso não é verdadeiro na Terra. Diferentes diâmetros da Terra possuem comprimentos diferentes.

O que forneceu a idéia de que a Terra não era uma esfera verdadeira? Para começar, o Sol e a Lua têm formas que são círculos perfeitos dentro dos limites de medida nos primeiros dias do telescópio. Isso é consistente com a suposição de que o Sol e a Lua são perfeitamente esféricos.

Entretanto, quando Júpiter e Saturno foram observados por telescópio pela primeira vez, logo ficou claro que as formas daqueles planetas não eram círculos, mas claras elipses. Isso significava que Júpiter e Saturno não eram esferas de fato.

Isaac Newton, no fim do século dezessete, mostrou que um corpo de grande massa formaria uma esfera sob atração de forças gravitacionais (exatamente como Aristóteles tinha proposto), mas somente se não estivesse girando. Se girasse, aconteceria um efeito centrífugo que ergueria a massa do corpo contra a gravidade, e esse efeito seria tão maior quanto mais perto do equador. O efeito seria tão maior quanto mais rapidamente o objeto esférico girasse, e Júpiter e Saturno certamente giravam bem rapidamente.

A Terra gira muito mais lentamente do que Júpiter ou Saturno, portanto o efeito deveria ser menor, mas deveria estar lá. Medidas de fato da curvatura da Terra foram realizadas no século dezoito e provaram que Newton estava correto.

Em outras palavras, a Terra tem uma protuberância equatorial. É achatada nos pólos. É um “esferóide oblato” e não uma esfera. Isto significa que os vários diâmetros da terra diferem em comprimento. Os diâmetros mais longos são os que vão de um ponto no equador a outro ponto oposto no equador. Esse “diâmetro equatorial” é de 12.755 quilômetros (7.927 milhas). O diâmetro mais curto é do pólo norte ao pólo sul e este “diâmetro polar” é de 12.711 quilômetros (7.900 milhas).

A diferença entre o maior e o menor diâmetro é de 44 quilômetros (27 milhas), e isso significa que a “oblacidade” da Terra (sua diferença em relação à esfericidade verdadeira) é 44/12755, ou 0,0034. Isto dá 1/3 de 1%.

Em outras palavras, em uma superfície plana, a curvatura é 0 em todos os lugares. Na superfície esférica da Terra, a curvatura é de 0,000126 milhas por milha todos os lugares [ou 8 polegadas por milha (12,63cm/km)]. Na superfície esferóide oblata da Terra, a curvatura varia de 7,973 polegadas por milha (12,59cm/km) a 8,027 polegadas por milha (12,67cm/km).

A correção de esférico a esferóide oblato é muito menor do que de plano a esférico. Conseqüentemente, embora a noção da Terra como uma esfera seja errada, estritamente falando, não é tão errada quanto a noção da Terra plana.

Mesmo a noção esferóide oblata da Terra é errada, estritamente falando. Em 1958, quando o satélite Vanguard I foi posto em órbita sobre a Terra, ele mediu a força gravitacional local da Terra – e conseqüentemente sua forma – com precisão sem precedentes. No fim das contas, descobriu-se que a protuberância equatorial ao sul do equador era ligeiramente mais protuberante do que a protuberância ao norte do equador, e que o nível do mar do pólo sul estava ligeiramente mais próximo o centro da terra do que o nível do mar do pólo norte.

Não parecia haver nenhuma outra maneira de descrever isso senão que dizendo a Terra tinha o formato de uma pêra, e muitas pessoas decidiram que a Terra não se parecia em nada com uma esfera mas tinha a forma de uma pêra Bartlett dançando no espaço. Na verdade, o desvio do formato de pêra em relação ao esferóide oblato perfeito era uma questão de jardas e não de milhas, e o ajuste da curvatura estava na casa dos milionésimos de polegada por milha.

Em suma, meu amigo literado em inglês, viver em um mundo mental de certos e errados absolutos pode significar imaginar que uma vez que todas as teorias são erradas, podemos pensar que a Terra seja esférica hoje, cúbica no século seguinte, um icosaedro oco no seguinte e com formato de rosquinha no seguinte.

O que acontece na verdade é que uma vez os cientistas tomam um bom conceito, eles o refinam gradualmente e o estendem com sutileza crescente à medida que seus instrumentos de medida melhoram. As teorias não são tão erradas quanto incompletas.

Isto pode ser dito em muitos casos além da forma da Terra. Mesmo quando uma nova teoria parece representar uma revolução, ela geralmente surge de pequenos refinamentos. Se algo mais do que um pequeno refinamento fosse necessário, então a teoria anterior não teria resistido.

Copérnico mudou de um sistema planetário centrado na Terra para um centrado no Sol. Ao fazer isso, mudou de algo que era óbvio para algo que era aparentemente ridículo. Entretanto, era uma questão de encontrar melhores maneiras de calcular o movimento dos planetas no céu, e a teoria geocêntrica acabou sendo deixada para trás. Foi exatamente porque a teoria antiga dava resultados razoavelmente bons pelos padrões de medida da época que ela se manteve por tanto tempo.

Novamente, foi porque as formações geológicas da Terra mudam tão lentamente e as coisas vivas sobre ela evoluem tão lentamente que parecia razoável no início supor que não havia nenhuma mudança e que a Terra e a vida sempre existiram como hoje. Se isso fosse assim, não faria nenhuma diferença se a Terra e a vida tinham bilhões ou milhares de anos. Milhares eram mais fáceis de se entender.

Mas quando cuidadosas observações mostraram que a Terra e a vida estavam mudando a uma taxa que era minúscula mas não nula, a seguir tornou-se claro que a Terra e a vida tinham que ser muito antigas. A geologia moderna surgiu, e também a noção de evolução biológica.

Se a taxa de mudança fosse maior, a geologia e a evolução alcançariam seu estado moderno na Antigüidade. É somente porque a diferença entre as taxas de mudança em um universo estático e em um evolutivo estão entre zero e quase zero que os criacionistas continuam propagando suas loucuras.

Uma vez que os refinamentos na teoria ficam cada vez menores, mesmo teorias bem antigas devem ter estado suficientemente certas para permitir que avanços fossem feitos; avanços que não foram anulados por refinamentos subseqüentes.

Os Gregos introduziram a noção de latitude e longitude, por exemplo, e fizeram mapas razoáveis da bacia mediterrânea mesmo sem levar em conta a esfericidade, e nós usamos ainda hoje latitude e longitude.

Os Sumérios provavelmente foram os primeiros a estabelecer o princípio de que os movimentos planetários no céu são regulares e podem ser previstos, e tentaram achar maneiras de fazê-lo mesmo assumindo a Terra como o centro do universo. Suas medidas foram enormemente refinadas mas o princípio permanece.

Naturalmente, as teorias que temos hoje podem ser consideradas erradas no sentido simplista do meu correspondente bacharel em literatura inglesa, mas em um sentido muito mais verdadeiro e mais sutil, elas precisam somente ser consideradas incompletas.

Fonte: www.ateus.net






Ateísmo, moral e ética e a criminalidade

Indicaram-me um vídeo/discurso bem interessante postado no Youtube, um discurso de Daniel Sottomaior, vale a pena conferir. Descrição do vídeo, também postada no Youtube, segue logo abaixo.

Um dos pontos altos do discurso é sobre a alegação

O mal é o resultado da humanidade não ter Deus no coração

ou

A pessoa é por não ter Deus no coração

mas isto é um argumento contraditório, falacioso . Por vários motivos:

1 - outros povos acreditam em outros deuses ou nenhum deus e ainda assim encontra-se atos altruístas neles.

2 - quando uma pessoa nasce, mesmo em sociedade predominantemente religiosa, ela não alega deus ou deuses. Seus pais ou amiguinhos de infância tem que lhes falar sobre algum deus ou deuses, do contrário, ela nunca vai saber (ou nunca alegaria o(s) mesmo(s) deus(es)).

Então nascemos maus? Uma criança pequena não é mais inocente e sim o oposto? Sim porque ela ainda não acredita em Deus.

3 - dizer que "ter Deus no coração" é garantia de bondade significaria que se eles não fossem religiosos, eles não estariam fazendo este trabalho caridoso.

(Ou que as pessoas não são bondosas: elas são altruístas, na verdade, por seguirem ordens do deus que adorem.)

No vídeo, Daniel Sottomaior dá outros argumentos interessantes contra esta falácia.


IV FÓRUM PAULISTA DE LIBERDADE RELIGIOSA E CIDADANIA (ateus)





Links para a notícia sobre o evento e para o vídeo completo do evento:

http://www.cmdiadema.sp.gov.br/index....

http://www.cmdiadema.sp.gov.br/index....


IV FÓRUM PAULISTA DE
LIBERDADE RELIGIOSA E CIDADANIA

ABLIRC
Associação Brasileira de
Liberdade Religiosa e Cidadania

Realizado dia 27 de junho de 2007
Câmara Municipal de Diadema

Discurso de Daniel Sottomaior
(Fundação da Câmara de Agnosticismo e
Ateísmo junto à ABLIRC)





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Shapiro X (Dennet e Dawkins X Behe)

Segue um texto interessante que achei na internet sobre Evolução X Criação


Diálogo de surdos, artigo de Julio Cesar Pieczarka

Outro erro é apresentar o debate Criação X Evolução como algo científico. Trata-se na verdade de um debate político, como já afirmado em outras ocasiões aqui mesmo no “JC e-mail’. Por isso seu caráter de “diálogo de surdos”

Julio Cesar Pieczarka é professor adjunto do Depto. de Genética da Universidade Federal do Pará. Artigo enviado pelo autor ao “JC e-mail”:

Na edição número 2868 de 04/10 do JC e-mail, o Sr. Enézio apresenta como evidência contra o Darwinismo um texto publicado pelo Dr. James Shapiro no Boston Review, intitulado “A Terceira Via”.

Em essência Shapiro considera o debate Criacionismo X Darwinismo como estéril, após ler as resenhas dos livros de Dennet e Dawkins (neodarwinistas) e Behe (criacionista).

Ele afirma que tanto a teoria evolucionista neodarwinista quanto o criacionismo estão errados.

Ele lembra que a ciência sempre avança, que a biologia (eu diria mais a genética) está sofrendo uma revolução equivalente àquela que a fisica que passou de sua forma clássica para a relatividade e a teoria dos quanta.

Existiria então uma opção (“a terceira via”) fornecida pelos avanços recentes da genética molecular, quando ele passa a listar evidências de que o Neodarwinismo está superado. Boa parte do que ele diz é real, mas está fora de contexto.

Temos aqui diversos tópicos misturados e nem todos partem de premissas corretas. Vou tentar desembrulhar parte do assunto para tornar sua compreensão mais razoável.

1) A Teoria Evolutiva atual é a Neodarwinista?

Se você ler o texto de Shapiro pensará que sim. No entanto, como ele diz, a ciência avança. A teoria Neodarwinista foi formulada em 1947 para unir os conhecimentos daquela época. Historicamente ela foi um grande avanço.

Mas seria demais esperar que uma teoria, do tempo em que nem se sabia que o DNA é o material genético, permanecesse intocada.

Desde os anos 60 ela vem sido questionada em diversos aspectos. Surgiu o Neutralismo (totalmente confirmado pela genética atual) mostrando que nem todos os segmentos de DNA estão sujeitos à seleção natural, contrariando o panselecionismo neodarwinista; a teoria do Equilíbrio Pontuado e a Evolução Saltatória, contrariando o gradualismo do neodarwinismo; a Sociobiologia (e atualmente a Psicologia Evolutiva) para tentar incluir as teorias do comportamento.

O tempo tratou de mostrar que estas novas escolas ampliaram os limites autoimpostos do neodarwinismo e atualizaram sua concepção. A ciência avança e a teoria evolutiva não é diferente.

A maioria dos evolucionistas não é neodarwinista de carteirinha, embora existam alguns bem barulhentos (Dawkins é um exemplo). Dizer que a atual teoria evolutiva é neodarwinista é ignorar tudo o que foi feito depois de 1947.

É amputar toda a concepção moderna de evolução. Ou seja, qualquer premissa que tente avaliar a teoria evolutiva sem incluir seus progressos esta fadada ao fracasso por ser irreal.

2) O debate Criação X Evolução ser restringe aos neodarwinistas do lado dos cientistas?

Este é outro erro. Assim parecerá que temos dois grupos de dogmáticos batendo pé enquanto a ciência moderna nos mostra que isso tudo é antigo. Pode ser uma premissa útil para Shapiro apresentar suas idéias, mas certamente não é verdade.

Na realidade o debate Criação X Evolução é bem mais amplo que o envolvimento dos neodarwinistas. Ele engloba toda a teoria evolutiva. Assim, não é possível seguir uma “terceira via” como quer Shapiro, no máximo uma rota alternativa na segunda via (e no momento talvez nem isso, como veremos).

O debate Criação X Evolução atinge também a física, a astronomia, a geologia. Todos estes campos de conhecimento são questionados pelo criacionismo.

Os evolucionistas são os que estão reagindo mais visivelmente ao avanço criacionista, mas na verdade este assunto precisa envolver toda a comunidade científica.

Afinal, como um físico poderá confiar no resultado de um experimento se ele pode partir da premissa que naquele dia Deus mudou os parâmetros e isso explica o resultado diferente?

Outro erro é apresentar o debate Criação X Evolução como algo científico. Trata-se na verdade de um debate político, como já afirmado em outras ocasiões aqui mesmo no “JC e-mail’. Por isso seu caráter de “diálogo de surdos”.

3) Os avanços da genética moderna contradizem o neodarwinismo?

Em parte. Shapiro cita a teoria de 1947 e a apresenta como desatualizada no século XXI. Isto equivale a questionar Copérnico com base na astronomia moderna. No meu entender seria mais correto tentar entender os avanços no contexto atual. Vou tentar apresentar os tópicos que ele lista e mostrar se eles se ajustam à teoria evolucionista de nossos dias. São quatro tópicos:

3.1) Organização do Genoma

Shapiro lembra que na década de 40 se acreditava que os genes eram como “contas em um colar”, cada um sendo uma unidade responsável pela produção de uma proteína (lembro de um de meus professores que chamava este modelo de “gene bolinha”).

Atualmente os genomas se mostram compostos de segmentos de DNA, muitos dos quais têm função regulatória, havendo uma imensa rede de interconexões, muito longe do conceito “um gene, uma enzima”.

Ele afirma que não haveria tempo o bastante na história para toda esta rede se organizar no esquema “um gene muda de cada vez” proposto pelo neodarwinismo.

Na verdade desde a década de 60 sabe-se que os “genes bolinha” não existem, quando foi criado o termo “cistron” para designar aquilo que se chamava “gene função”, um segmento de DNA responsável pela expressão de um fenótipo, normalmente através de uma proteína.

Sabe-se também que não existe a evolução de apenas um gene de cada vez, uma vez que a seleção atua sobre o fenótipo, não sobre o genótipo. A genética molecular mostra claramente que os segmentos de DNA que não geram expressão fenotípica estão livres da pressão da seleção e apresentam um grau de variação imensamente maior, pois a seleção não atua sobre eles.

Qualquer seqüência que eles apresentem tem igual valor. Esta é a base da teoria neutralista, de Kimura. Assim, grupos de genes (e suas interconexões) podem evoluir em conjunto (co-evolução) pois é o seu fenótipo final que é selecionado e não cada gene individualmente.

Além disso a seleção não age ao acaso. Um exemplo interessante é apresentado pelo próprio Dawkins em seu livro “O relojoeiro cego”. Suponha que eu deseje que um computador monte aleatoriamente a frase “Methinks it is like a weasel”, retirada do Hamlet, de Shakespeare.

O alfabeto inglês tem 26 letras, mas haveria 27 alternativas, contando o “espaço” como uma letra. A probabilidade do computador acertar a primeira letra (M) ao acaso seria de 1/27.

A probabilidade de acertar a segunda (e) seria também 1/27. A probabilidade dele acertar as duas primeiras letras simultaneamente seria de 1/27 X 1/27.

A chance de acertar a frase inteira seria de 1/27 elevado à vigésima oitava potência, pois a frase tem 28 caracteres (letras e espaços).

A probabilidade seria muito pequena: uma em 10 mil milhões de milhões de milhões de milhões de milhões de milhões. Para montar a frase um computador gastaria 1 milhão de milhões de milhões de milhões de milhões de anos. Isso é mais que 1 milhão de milhões de milhões de vezes o tempo de existência do universo.

Portanto, seria muito difícil da evolução acontecer com alterações de um gene de cada vez, começando sempre do zero. Mas suponha que o computador realizasse a primeira rodada.

Ele encontraria diversas frases diferentes. Suponha que ele escolha a frase que mais se parece com “Methinks it is like a weasel”. Se esta frase tiver duas letras certas nas posições certas, na próxima rodada esta frase será o molde de onde o processo recomeça.

Note que neste caso as letras certas estão fixadas e não entram na loteria. Na próxima rodada será escolhida a frase mais próxima e assim por diante. Dawkins rodou no computador um programa para fazer esta seleção.

O computador levou apenas 41 rodadas (“gerações”) para montar a frase completa. Assim, a seleção cumulativa é um poderoso mecanismo que pode acumular uma quantidade enorme de organização em pouco tempo.

3.2) Capacidade Celular de Reparo

Shapiro questiona como é possível supor que mutações ocorram se existem sofisticados sistemas de reparo para proteger a célula. Na verdade este questionamento já tinha surgido quando os mecanismos de reparo foram descobertos algumas décadas atrás.

Um mecanismo simples de seleção natural explica isso. A molécula de DNA é a responsável pelo arquivamento da informação genética.

Para realizar tal tarefa ela precisa de estabilidade suficiente para transmitir suas informações à próxima geração. Ao mesmo tempo ela não pode ser totalmente imutável, pois neste caso a evolução não teria ocorrido.

As primeiras moléculas de ácido nucléico que surgiram certamente não dispunham de sistemas de reparo. Assim, bombardeadas constantemente pelo meio ambiente, sofriam taxas muito mais altas de mutação que aquelas observadas hoje em dia.

A primeira molécula que dispôs de um sistema de proteção, ainda que precário aos olhos de hoje, teria uma probabilidade maior de transmissão desta característica, pois teria mais tempo de passar adiante antes de se alterar. Portanto, a situação de equilíbrio (sistemas de reparo, mas não totalmente eficientes) seria o esperado.

De fato, por mais sofisticados que sejam os sistemas de reparo, eles não impedem as mutações de ocorrerem (ainda que em taxas baixas) já que elas são observadas constantemente em todos os organismos estudados.

3.3) Elementos Genéticos Móveis e Engenharia Genética Natural

Neste item Shapiro chama a atenção para o fato de que o genoma não é fixo, como se supunha na década de 40, mas “fluido” (ou talvez uma tradução melhor seria “plástico”) no sentido em que ele pode sofrer grandes rearranjos internos, tanto através de mecanismos de controle intracelular quanto através de transposons, segmentos de DNA que estão constantemente mudando de lugar e, portanto, alterando a expressão gênica.

Sabe-se ainda que os transposons podem aumentar a quantidade de quebras cromossômicas. Temos neste item dois tipos de fenômeno que foram misturados:

a) Alterações somáticas: Todos os casos descritos por Shapiro onde existe uma engenharia pré-determinando as mudanças que ocorrerão são casos de alterações que ocorrem em células somáticas, isto é, as alterações só se efetuarão naquelas células, mas não serão passadas adiante.

Um bom exemplo é o do sistema imunológico, onde um segmento do DNA se altera para originar anticorpos. É uma alteração de caráter fisiológico. Para a evolução só contam as alterações que ocorrem a nível germinativo, pois são as que são passadas para a próxima geração.

b) Alterações germinativas: Em todos os exemplos conhecidos, as alterações que ocorrem nos gametas não são direcionadas, isto é, são aleatórias. O caso dos transposons é um bom exemplo.

Em seu trabalho clássico McClintock demonstrou que os transposons são ativados em situações de stress ambiental, aumentando consideravelmente o grau de variabilidade genética, pois os transposons agem como se fossem mutagênicos.

Assim, quando o organismo se encontra em uma situação de perigo, suas próximas gerações serão mais variáveis, aumentando a chance de se encontrar formas que possam ser vantajosas no novo ambiente. Note, porém, que neste caso não temos um direcionamento fisiológico.

As alterações continuam a ser aleatórias, apenas aumentando sua frequência. É um caso totalmente diferente do item “a”. Aqui também não temos nenhuma novidade.

Com mencionei anteriormente, a teoria da evolução saltatória, que ressurgiu nos anos 60, previa a possibilidade de ocorrerem períodos de intensa alteração genética, quebrando a obrigatoriedade do gradualismo neodarwinista.

3.4) Processamento da Informação Celular

Neste item Shapiro dá exemplos dos processos de controle celular interno, mostrando a notável profusão de informações circulando em forma de moléculas. Todas as atividades intracelulares são mediadas pela presença e/ou concentração de sinalizadores moleculares.

A partir desta observação ele compara a atividade da célula com aquela de um equipamento de informática e especula que seria necessária uma extraordinária capacidade de processar toda esta informação (inteligência?).

Na verdade esta questão da capacidade de processamento ser um indício de uma inteligência é apenas especulação.

O próprio exemplo usado pelo autor, um computador, nos mostra que, embora o computador pareça inteligente e seja capaz de tomar decisões em situações específicas, na realidade a máquina não é dotada de inteligência ou consciência.

Os programas de computador nada mais são que milhões de rotinas que se acumulam. Se for analisado passo a passo, os programas de computação são compostos de estruturas bastante simples. É o conjunto de atividades que dá a ilusão de capacidade de pensar e deduzir.

4) Conclusões

Ao longo do século XX a teoria evolutiva continuou se atualizando em função da imensa quantidade de dados e mesmo de campos novos de conhecimento que surgiram.

O neodarwinismo conseguiu o feito extraordinário de unir a genética e a evolução, explicando e sintetizando a ciência da época.

Novos dados surgiram, principlamente após os anos 60, dando margem a teorias que a principio se rivalizaram com alguns dos principios neodarwinistas.

Na maioria dos casos o tempo tratou de mostrar que estes novos campos alargavam autolimitações do neodarwinismo, abrindo novas perspectivas. As evidências apontadas por Shapiro são extremamente interessantes por mostrarem um panorama da atual biologia molecular.

Naturalmente estes dados se contrapõem a alguns princípios neodarwinistas, mas cabe notar que esta contraposição já se observa desde a década de 60.

Assim, em relação à teoria evolutiva moderna, não há contradições. É possível que no futuro novas evidências venham derrubar totalmente o darwinismo. Trata-se porém de um pressuposto teórico, ao qual está sujeita toda ciência. Até o momento estas evidências não apareceram.

5) A Biologia do Século 21: a teoria do Design Inteligente como referencial teórico?

A análise acima mostra que a teoria evolutiva continua avançando. As colocações de Shapiro são explicáveis na teoria evolutiva atual. E quanto ao Design Inteligente?

Em diversas ocasiões neste mesmo JC e-mail várias pessoas apontaram diversas evidências mostrando porque o DI não é ciência, evidências tanto científicas como históricas (origens do movimento DI).

Mesmo que a teoria evolutiva no seu avançar mude tanto que perca a conexão com sua origem (e volto a destacar ser esta uma suposição teórica) dificilmente ela será absorvida por uma não-ciência. Será possível que a astronomia evolua a tal ponto que se transforme em astrologia?

Retirado do Jornal da Ciência.





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