Religião e epilepsia

Se as experiências religiosas, espirituais, não passem de ilusão então não seria surpreendente que a causa delas estaria no cérebro ou na mente. Ou em alguma diferença cerebral entre os mais religiosos e os menos religiosos.

Estrutura mental da espiritualidade e seu papel evolutivo ainda são um mistério.


por Edson Amâncio*
neurocirurgião do Hospital Albert Einstein,
de São Paulo,
doutor pela Unifesp -
Universidade Federal de São Paulo





Um dos temas atuais mais palpitantes em neurociências é saber "onde" estão as redes neurais cerebrais que codificam a crença (ou a fé). Localizacionistas apostam no lobo temporal, e tal convicção se fundamenta na religiosidade das pessoas que sofreram lesão nessa área.

Trabalhos científicos enfatizam o fato de que portadores de epilepsia do lobo temporal desenvolvem religiosidade exacerbada. Entre casos famosos mencionados encontra-se o pintor Vincent Van Gogh. Qual teria sido a origem do seu fervor religioso, levando-o a tornar-se um pregador tão obstinadamente preocupado com seus deveres que acabou expulso de sua seita?

Numa tentativa de compreender melhor o fervor religioso despertado em pessoas com lesão temporal o neurologista Vilayanur Ramachandran estudou dois pacientes epiléticos do lobo temporal, ambos com tendência espiritualista exacerbada. Submeteu-os a um experimento simples, conectando-lhes ao braço um eletrodo que capta impulsos elétricos na pele quando a pessoa é envolvida por alguma emoção. Numa tela de computador assistiam a figuras neutras (como bola de tênis, árvore e quadro-negro) intercaladas com imagens de sexo, violência, símbolos religiosos e palavras alusivas a Deus. Para surpresa dos examinadores, os impulsos mais intensos não se deram com cenas violentas ou eróticas: naqueles dois epiléticos do lobo temporal, a intensidade aumentava nitidamente quando os pacientes viam imagens religiosas.

Assim, seria lícito supor - por mais absurdo que possa parecer - que existem áreas no cérebro cujos circuitos são especializados em fé ou apego religioso? É exatamente aí que se inicia a penumbra do nosso conhecimento. Talvez por isso os neurocientistas tenham se negado sistematicamente a dedicar tempo de pesquisa ao tema.

Um epilético com lesão no lobo temporal e que desenvolvera religiosidade exacerbada quando não havia nele nenhum vestígio de interesse religioso antes da cirurgia causadora da lesão contou-me que, ocasionalmente, sofre uma crise em que tem a nítida sensação de sair do corpo, uma evidente sensação extra-sensorial. Relatos como esse se encaixam na experiência tornada pública em 2001 por Olaf Blanke. Ele colheu o extraordinário relato de uma paciente que passou por uma experiência extra-sensorial quando teve o giro angular direito estimulado por uma corrente elétrica. Ela estava se submentendo a cirurgia de crânio para a retirada de áreas geradoras de descargas epiléticas no lobo temporal.

Esse tipo de operação geralmente se faz sob anestesia local, pois é importante que o paciente esteja acordado para orientar os médicos quanto à sensação experimentada em cada área estimulada. Assim, colocam-se delicadamente eletrodos sobre o córtex cerebral, e desencadeia-se uma estimulação elétrica enquanto se aguarda a reação do paciente. Dessa forma, faz-se um mapa das áreas cerebrais próximas à lesão, permitindo identificar o local, remover precisamente a área afetada e preservar as áreas sadias das vizinhanças.

Quando neurocirurgiões estimularam o giro angular (região próxima à porção mais posterior do lobo temporal), a paciente relatou a sensação de levitar. Os estímulos foram repetidos várias vezes, e, numa delas, ela se referiu à sensação extracorpórea; estava a cerca de 2 metros distante do próprio corpo, perto do teto da sala, observando os médicos operar sua cabeça.

Até que ponto o resultado desses experimentos se superpõem? Pode uma avaria nas redes neurais que parecem governar a fé desencadear uma crença que não existia ou estava adormecida? E qual o papel do giro angular na sustentação da imagem corporal? Por que a estimulação dessa área cortical projeta para o paciente sua imagem fora do corpo? Que papel a evolução atribuiu ao lobo temporal no controle das nossas crenças? Se nossos genes são de fato "egoístas", a que atribuir a crença ilimitada em outra vida, em outra dimensão? E por que tais crenças se tornam acentuadas quando estruturas do lobo temporal são atingidas? Respostas a essas questões talvez sejam um dos maiores desafios para as neurociências.




Fonte da matéria (clique na imagem abaixo para ler):





pessoas, o bem e o mal, e a religião na política

"E quanto àqueles meus inimigos
que não me quiserem como rei,
trazei-os aqui e matai-os diante de mim".

Bíblia, Novo Testamento, Lucas 19:27

"Contra os filhos de Edom, lembra-te, SENHOR,
do dia de Jerusalém, pois diziam:
Arrasai, arrasai-a, até aos fundamentos.
Filha da Babilônia, que hás de ser destruída,
feliz aquele que te der o pago do mal que nos fizeste.
Feliz aquele que se apoderar de teus filhinhos
para os esmagar contra os rochedos"

Bíblia, Salmos 137:7-9

"Se alguém vem a mim e não odeia seu pai,
sua mãe, sua mulher, seus filhos,
seus irmãos, suas irmãs
e até a sua própria vida,
não pode ser meu discípulo".
Lucas 14:25-27


...e muitas mais passagens da Bíblia...




Para ler mais sobre atrocidades permitidas e incitadas pela Bíblia, leia a sua Bíblia (não apenas as passagens que seu pastor ou padre te mostram) ou consulte algumas clicando aqui ou clicando aqui (sugiro fortemente que leia estes dois textos antes de continuar a leitura deste). Numa outra postagem vamos ver se a Religião tem algum lado bom. E se tem, como ele poderia ser conquistado sem ela.

Quando eu escrevi estes textos eu ainda não havia pensando se no saldo, as religiões são ou não perniciosas. O que pode haver de ruim em evangélicos encherem o bolso do pastor (ou outro crédulo com outro líder espiritual) de dinheiro? Claro que nem todos os pastores são corruptos. Se alguns são corruptos quero acreditar que seja a minoria. Não obstante, os próprios evangélicos parecem não ligar tanto para isso. Já ouvi certa vez (e enquanto cristão, eu já defendi) a seguinte idéia:

"Se o pastor desviar, terá que arcar depois com Deus no dia do Juízo Final!"
Que presa fácil eu era para um charlatão disfarçado de pastor heim? E quantos mais não o são?

Não é raro ateus não verem mal na Religião. Em geral, eles (e não apenas eles) são contra um Estado Religioso, uma Teocracia. Mas qual a fonte de governantes teocratas senão a Religião? O problema está na fonte também! Sim porque se um Estado é teocrático (como muitos países muçulmanos hoje em dia, ou o próprio Vaticano) é sinal que ele é governado por religiosos (ainda que possam ser pessoas fingindo que defendam tal religião do país) mas que só estão lá, no poder, porque eles são produtos da Religião! Ou do ambiente fortemente influenciado pela Religião.

Para ter idéia de como a Religião pode influenciar a Política, comecemos analisando a seguinte alegação

"... Com ou sem ela [a religião]
teríamos pessoas boas fazendo o bem
e pessoas más fazendo o mal.
Mas para pessoas boas fazerem coisas más é necessário a religião".

Steven Weinberg, prêmio Nobel de Física.


Entendo que Weinberg se referiu às pessoas que matam ou mataram em nome do deus deles. Ou fizeram outras coisas atrozes, como torturar, etc, ou seja:

  • ao que os cristãos fizeram na Idade Média,
  • evangélicos dos EUA em seus rituais de assassinato dizendo que seriam bruxas
  • destruir, queimar artes ou livros de ciências que fossem considerados heréticos
  • e assim por diante.

Atualmente temos

  • muçulmanos mais fundamentalistas (uma minoria, é verdade) matando por Alá.
  • cristãos mais fundamentalistas tentando impedir o progresso da Ciência (exemplo, pesquisas com células tronco, etc)
  • A Igreja Católica proibindo o uso de camisinha causando assim a morte de vários africanos por Aids,
  • etc.

Alguns pensam que Estados, povos melhor dizendo, não sofrem nas mãos da Religião se não forem teocráticos. Entretando, a Religião no papel da Igreja atua fortemente prejudicando muitos setores. Tentando impedir progressos que entrem em confronto com os dogmas da religão, ainda que haja uma montanha de evidências demonstrando que o dogma seja falso.

Devemos pensar que da mesma forma que não devemos deixar crianças ou psicopatas ter acesso à facas ou revólveres, deveríamos pensar o mesmo sobre Religião. Ou talvez a Religião ser apenas abordada em aulas de Mitologia e História dos Bárbaros, já que ela, em algum nível pelo menos, acaba sendo mesmo um insulto à dignidade, tendo sido a Bíblia, por exemplo, já usada produzindo tal efeito.

Já comentei sobre algumas destas atrocidades permitidas e incitadas pela Bíblia (consulte algumas clicando aqui ou clicando aqui) . Neste sentido que ela fere os direitos humanos, a liberdade, promove a sociopatia, e assim por diante.

É claro que os cristãos vão tentar salvar a Bíblia. E as desculpas, evasivas, mais comuns são
  1. a desculpa de estar fora do contexto;
  2. a desculpa do contexto histórico I;
  3. a desculpa do contexto histórico II - uma idéia que tive para tentar melhorar I, embora continua sendo apenas uma desculpa;
  4. a desculpa do contexto histórico-geográfico;
  5. a desculpa dos erros de tradução;
futuramente veremos porque elas não se sustentam . Já adiantando que a 1, 2 e 5 são as mais fáceis de refutar. (Quando eu era cristão usava muito a 2 e a 5).


Só a título de curiosidade, a frase completa de Weinber é

"A religião é um insulto à dignidade humana. Com ou sem ela teríamos pessoas boas fazendo o bem e pessoas más fazendo o mal. Mas para pessoas boas fazerem coisas más é necessário a religião".

Steven Weinberg, prêmio Nobel de Física.



humor

O humor inteligente e crítico de George Carlin. Ainda que alguns possam achar o humor crítico demais :o)))





Outro vídeo de humor: paródia da música I Will Survive